Membro da Academia Macaense de Letras, a jornalista autora do livro ‘Eu Nunca Falei Sobre Isso’, Raíla Maciel, é uma das 70 pessoas que tiveram texto selecionado entre mais de 250 inscritas para integrar o processo formativo ‘Mora na Filosofia – A Escrevivência que dá samba!’. A formação é preparatória para a 15ª edição da Festa Literária das Periferias (Flup), que acontecerá em novembro no Rio de Janeiro. O processo é uma imersão em obras de grandes compositores de samba, com o objetivo de inspirar a criação de textos para uma publicação coletiva da Flup. Os participantes são convidados a refletir sobre o samba como filosofia das ruas, dos terreiros e das vivências periféricas.
A abertura do processo formativo, ‘Roda de Samba – Moça Prosa/As coisas que mamãe me ensinou’, ocorreu em 29 de julho, na Casa Savana, com a participação de Leci Brandão e Conceição Evaristo, autora homenageada desta edição. Conceição Evaristo criou o conceito de Escrevivências que transformou a forma de narrar experiências de mulheres negras e de comunidades periféricas. A formação irá até 22 de outubro. Raíla teve seu texto selecionado a partir da proposta de escrever uma narrativa ambientada no dia 23 de abril, feriado de São Jorge.
A ludovicense, moradora há dez anos em Macaé, escreveu sobre Maria, nordestina que mora no Rio e trabalha como faxineira na Zona Sul para pagar seus estudos. A esperança da personagem, que se nutria do samba e da fé em Jorge, é trazer o filho e a mãe para a capital carioca. A publicação do primeiro livro de Raíla, ‘Eu Nunca Falei Sobre Isso’, foi fruto da seleção de seu projeto ‘Escrevivente: a escrita criativa da mulher negra’, em edital da Lei de Incentivo Cultural Paulo Gustavo, lançado por meio da Prefeitura de Macaé.
“Foi uma surpresa ter sido selecionada para o processo formativo, porque as inscrições foram abertas para todo o Brasil. A primeira aula foi uma celebração para homenagear estas duas intelectuais brasileiras (Leci Brandão e Conceição Evaristo). Elas falaram dos ensinamentos que aprenderam com as mães. Foi uma oportunidade única e rica. Será uma referência para a nossa escrita. A Escrevivência traz o olhar para o nosso cotidiano, para a nossa rotina e nossa história. Eu me sinto representante de Macaé nesta formação, porque consegui publicar o meu livro aqui, a cidade fomentou o meu trabalho e estou na Academia Macaense de Letras”, disse Raíla (35), a mais jovem empossada na Academia, aos 34 anos de idade.
Festa Literária das Periferias
A Flup 25 é realizada pelo Ministério da Cultura, Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro. A Festa Literária das Periferias já resultou na publicação de 31 livros. A Flup recebeu prêmios como: ‘Faz diferença/2012 (O Globo)’, ‘Awards Excellence/2016 (jornal London Book Fair)’ e ‘Retratos da Leitura/2016 (Instituto Pró-Livro)’. Em 2020, a Flup foi vencedora do Prêmio Jabuti na categoria Fomento à Leitura e, em 2023, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro declarou a Flup patrimônio cultural imaterial.