A Galeria Hindemburgo Olive, localizada no hall do Teatro Municipal de Macaé, recebe entre os dias 4 e 30 de agosto a mostra conjunta dos artistas visuais Isabela Rodrigues e Daniel Gabrielli. Formada pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Isabela apresenta a série “Água Viva”. Já Daniel, graduado pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), exibe a mostra “Cultivo do Invisível”. A entrada é gratuita, com visitação aberta ao público de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. Nesta segunda-feira (4) foi realizada a abertura das mostras.
A artista plástica Isabela Rodrigues apresenta obras em tinta acrílica, óleo, aquarela, grafite e um aplicativo interativo. Ela também é professora de artes e mestranda em Estudos Literários pela UFF e expõe obras recentes que exploram a temática marítima e o sublime na vida comum. Com uma produção que transita entre a pintura tradicional e digital, Isabela convida o público a um mergulho sensível nas cores, nos gestos e na fluidez da existência.
Ela explica sobre que possibilidades o diálogo entre técnicas oferece para expressar a fluidez do mar e da vida.
“Nós vivemos em um mundo conectado e cada vez mais digital. A cada mudança ou avanço que a humanidade vive traz um impacto direto na cultura, pois o ser humano é um ser naturalmente criativo. Sempre usou das invenções para facilitar a expressão de novas ideias, seja tinta ou papel, seja aplicativos de pintura. De fato, estamos sempre em busca do novo, tendo em mente a nossa história e aquilo que nos formou”, analisa.
Para ela, os novos meios digitais se relacionam cada vez mais com a arte, auxiliando no processo artístico e trazendo novas experiências para o público.
“Assim como o mar está sempre em renovo, indo e voltando com suas ondas, sempre em transformação, assim também são os seres humanos, e tudo que os permeiam. Sempre se renovando, transformando e criando coisas novas”, avalia.
Artista propõe reflexão sobre padrões abstratos na natureza e cita Macaé como inspiração
A artista conta que espera produzir algum tipo de impacto estético em quem visita o local.
“Busco trazer o convite para reflexões sobre padrões abstratos na natureza, como a presença da luz altera o ambiente; um olhar sensível sobre o elemento aquático e como as mesmas cores podem sofrer variações diversas ao entrar em contato umas com as outras”, disse, citando que busca trazer uma imersão na temática do mar, enaltecendo a beleza da natureza, levando as pessoas a refletirem sobre si mesmas e como estão em mudanças constantes.
A relação entre literatura, pesquisa acadêmica e criação artística é central no trabalho de Isabela Rodrigues. Ela explica que a água, tema que dá origem à mostra “Água Viva”, a acompanha desde o período da graduação.
“O tema partiu de uma investigação de como o abstracionismo começou na história da arte. Relacionado à natureza, artistas passaram a observar padrões e texturas que, por si só, possuíam elementos abstratos. Fui para a água, inspirada pelo mar que me cercou durante toda a minha vida em Macaé e pela percepção do mar na literatura nacional e internacional”, esmiúça.
Para a artista, o mar sempre foi mais que um espaço físico.
“O mar na literatura e nas artes plásticas foi em geral relacionado a muito mais do que um lugar físico, mas algo que representou por diversas vezes a mente humana”, observa.
Entre suas influências, ela cita Herman Melville, em Moby Dick; Victor Hugo, em Os Trabalhadores do Mar; Machado de Assis, em Dom Casmurro; Fernando Pessoa, Ana Sophia de Mello, Baudelaire e Cecília Meireles, com seus poemas sobre o mar.
“Existe uma relação entre literatura e artes plásticas desde a Antiguidade, com escritores e poetas inspirando-se mutuamente. Eu sou apaixonada por investigar essa mutualidade, porque ambas as áreas são paixões do meu coração”, expressa.
O título da série também nasce desse diálogo.
“O nome Água Viva surgiu depois de ler o livro de mesmo nome da Clarice Lispector, em que ela fala justamente sobre como arte e texto se relacionam, e como a vida pode ser fluida, cheia de inquietações e transformações — tal como o mar”, completa.
Na exposição, cada obra tem um qrcode na etiqueta, que leva para um poema da Cecília Meireles. Para propor uma experiência mais interativa, a proposta é acessar o site com cada obra e cada poema.
A secretária de Cultura, Waleska Freire, destaca que a exposição reforça o compromisso do município com a democratização do acesso à arte.
“Levar mostras como a de Isabela Rodrigues para a Galeria Hindemburgo Olive fortalece a ocupação dos espaços públicos com cultura e permite que a população vivencie diferentes linguagens artísticas. Cada obra exposta aproxima o cidadão da sensibilidade do artista e transforma o cotidiano em experiência cultural”, afirma.